Eventos em outubro

2-6/10 – ARTE Diploma Selection – Designblok

5/10 – FILME Mistérios de Lisboa

10/10 – ARTE A vida gloriosa do surrealismo português

17/10 – FILME Outro País

25/10-3/11 – FESTIVAL Ji.hlava

29/10 – FILME Vidas Secas

30/10 – LITERATURA Palestras sobre literatura brasileira

20/7-27/10 – EXPOSIÇÃO Cravos e Veludo


Arte

Diploma Selection no festival Designblok

2 / 10 – 6 / 10 | Uměleckoprůmyslové muzeum, 17. listopadu 2, Praha

Terá lugar, no início de outubro, a 26ª edição do festival de design checo e internacional Designblok. O evento terá lugar em vários locais de exposição em Praga. Dezenas de lojas, estúdios e salas de exposição em toda a cidade estão também tradicionalmente envolvidos no festival. Este ano, o tema do maior evento de design e moda da Europa Central e Oriental é a Juventude. 

Em cooperação com a rede EUNIC, um grupo de institutos europeus na República Checa, o Designblok organiza a décima edição do concurso internacional Diploma Selection, que apresenta os trabalhos dos licenciados mais talentosos da Europa em design de produtos e de moda.

Entre os finalistas deste ano na categoria de design de produto encontra-se a portuguesa Maria Carnall. A sua série de projetos relaciona-se com diferentes aspetos da comensalidade, ou seja, comer em conjunto. Os temas relacionados com a lavagem, as etiquetas, o pão e os mercados públicos são abordados através de uma investigação teórica e prática. Cada projeto personifica uma tipologia diferente, desde os utensílios de mesa e de jantar até às estruturas de apoio no mercado público. As coleções de design de produto do Diploma Selection estarão em exposição no Museu de Artes Decorativas (Uměleckoprůmyslové museum).

Os bilhetes para o festival e outras informações podem ser consultados aqui.


Filme

Mistérios de Lisboa (Raúl Ruiz, 2010, 272 min.)

5 / 10 | 16h | Ponrepo, Bartolomějská 291/11, Praha

Esta adaptação com câmera digital do romance do século XIX de Camilo Castelo Branco, repleto de reviravoltas e personagens episódicas, foi aclamada como o melhor filme de 2010 que não eteve em exibição nos cinemas convencionais. A obra-prima de Ruiz, que filmou com a saúde debilitada, conta a história de um menino canhoto, João, que cresce num orfanato sob os cuidados carinhosos do pai, Denis. Ao contrário dos adultos que têm “três, quatro ou mesmo cinco apelidos”, ele é apenas “João” e embarca numa longa viagem para descobrir a verdade sobre a relação proibida dos seus pais e encontrar o seu lugar no mundo “e nas memórias dos outros”.

Ruiz baseia-se na noção proustiana, outrora filmada, de que a vida é um labirinto longo, impenetrável e por vezes entorpecedor, e orquestra magicamente o conflito central de João (e do artista): uma vida inteira a desvendar as leis deste labirinto pode levar a um tropeçar tragicómico no lugar. Além disso, é sustentado por uma ótima premissa literária. O romance parcialmente autobiográfico de Branco, que ficou órfão na altura da sua publicação, já trabalhava com as convenções da literatura contemporânea de uma forma original e com muitos elementos de aventura. Assim, a freira é de facto uma sacerdotisa, o padre um soldado, o fidalgo um pirata, o bastardo um poeta, e em alguns dos armários, num hilariante coquetel com o romance gótico, há de facto relíquias. A sensação incómoda da espectralidade das personagens menores, que parecem ter saído de uma história de embalar, é acentuada pelo amor de João à sua maquete de papel de uma pequena encenação teatral, na qual vai trazendo cada vez mais personagens das profundezas da sua imaginação, da de Branco, da de Ruiz. (texto traduzido do site do organizador)

Em português com legendas em checo.

Pode comprar os bilhetes (120kč) aqui.


Arte

A vida gloriosa do surrealismo português

10 / 10 | 18h | Punctum, Krásova 27, Praha 3

Um cadáver famoso? Para batizar o espírito, mas não para desenterrar os ossos.

Noite de música e palavras ou uma exibição extraordinária não só do surrealismo português. Este ano assinalam-se os 100 anos da publicação do Manifesto do Surrealismo de André Breton e os 75 anos da célebre 1.ª Exposição d’Os Surrealistas, organizada em Lisboa.

A noite será orientada e interpretada por Karolina Válová, poetisa e especialista em literaturas de língua portuguesa, e a produção musical será assegurada por Květoslav Šlambor (improvisações algorítmicas) e Medical Cabinet (gravações de campo do ambiente médico).

A entrada de 150 CZK será paga no local.

Em checo. Mais informações no Facebook.


Filme

Ciclo Cinema 50 anos da Revolução dos Cravos

Outro País

17 / 10 | 19h | Místnost 220, Na příkopě 29, Praha

Celebra-se este ano, em Portugal, os 50 anos da Revolução dos Cravos, também conhecida como a Revolução de 25 de Abril, que pôs fim à ditadura salazarista. Os eventos de 25 de Abril de 1974 conduziram Portugal não só à mudança de regime, mas também ao fim da guerra colonial, a realização de eleições livres, a democratização do país e a abertura de Portugal ao mundo. Para homenagear este evento histórico, preparamos o Ciclo Cinema 50 anos da Revolução dos Cravos em colaboração com o Departamento de Estudos Luso- Brasileiros da Faculdade de Letras da Universidade Carolina de Praga. Ao longo do ano poderão assistir a cinco filmes que abordam este tema de transição histórica.

Outro país (Sérgio Tréfaut, 1999, 70 min.)

A Revolução Portuguesa (1974-75) vista através dos olhares de alguns dos mais importantes fotógrafos e cineastas que testemunharam o evento. Quais eram os seus sonhos e expectativas? O que ficou do sonho da revolução? Um documentário que reúne arquivos históricos excepcionais.

Em português com legendas em inglês. Entrada livre.


Festival

Filmes portugueses no IDFF Ji.hlava

25 / 10 – 3 / 11 | Jihlava

Ji.hlava IDFF, o maior festival dedicado ao cinema documental na Europa Central e Oriental, vai decorrer, pela primeira vez, durante dez dias. Portugal será representado nesta 28ª edição por três filmes:

Como um Glitch de um Fantasma (Paula Albuquerque, 2023, 21 min.)

26/10 | 16h30 | Kino Dukla – Edison
A base do filme concetual de Paula Albuquerque assenta num documentário de propaganda dos anos 50, que a autora descobriu durante a sua pesquisa nos arquivos do museu de cinema Eye em Amesterdão. O documentário trata das atividades colonizadoras “educativas” dos Países Baixos no Suriname. As imagens de arquivo, que mostram a interação entre uma enfermeira neerlandesa e tribos indígenas, serviram de ponto de partida para a realizadora criar uma obra cinematográfica dupla, que, através do glitch digital, substituindo as silhuetas dos povos indígenas, chama a atenção para a ideologia subjacente ao filme original e devolve a soberania perdida aos “espíritos” que, durante séculos, foram vistos como inferiores.

Mais informações no site do festival.


O Fumo do Fogo (Daryna Mamaisur, 2023, 22 min.)

27/10 | 13h30 | Kino DKO II

Através de imagens associativas, este poema audiovisual aproxima os pensamentos e desejos de uma cineasta ucraniana durante a sua estadia num país estrangeiro, Portugal. Aqui, familiariza-se com a língua portuguesa e, através das suas particularidades, sonoridade e semelhanças com a sua língua materna, penetra na cultura local na condição de potencial migrante. No entanto, recorda-se frequentemente da sua terra natal assolada pela guerra, que retorna constantemente às suas reflexões, criando assim ligações inesperadas entre o seu lar atual e as dolorosas memórias da Ucrânia. Este filme melancólico apresenta a língua como guia por um território estrangeiro, e as imagens oníricas do quotidiano como um registo de diário.

Mais informações sobre o filme no site do festival.


Tardes de solidão (Albert Serra, 2024, 123 min.)

27/10 | 19h | Horácké divadlo – Velká scéna

28/10 | 10h30 | Kino Dukla – Reform

Andrés Roca Rey (1996) é uma das maiores estrelas da tourada contemporânea e goza de grande popularidade entre o público das corridas de touros tradicionais hispânicas. Um olhar detalhado e esteticamente cativante sobre a sua maestria revela os rituais de preparação, os trajes sumptuosos, a construção de uma concentração intensa antes da atuação, bem como entrevistas reflexivas com colegas toureiros. No entanto, o cerne do filme é Rey diretamente na arena com o touro, numa situação quase simbolicamente dualista, onde o ser humano treinado e racional se confronta com a ferocidade animal. A representação explícita da violência inerente a esta tradição controversa levanta a questão: é a brutalidade da tourada originada no animal ou no próprio ser humano?

Pode encontrar mais informações sobre o filme no site do festival.


O industry programme do festival conta com o Emerging Producers, programa de formação, dedicado a produtores emergentes de documentários europeus, que conduz à indústria cinematográfica internacional e cria uma nova rede de profissionais de cinema, para aumentar o potencial das co-produções europeias. O produtor português Daniel Pereira também integra este programa, apresentado para 2025. 

Daniel Pereira, em 2017, fundou a The Stone and the Plot, uma empresa que desenvolve os seus projetos na área do cinema de uma forma transversal, apostando na produção, distribuição e edição de livros.

Todas as novidades sobre a edição deste ano podem ser consultadas no site do festival.


Filme

Vidas Secas

29 / 10 | 18h | Ponrepo, Bartolomějská 291/11, Praha

VIDAS SECAS (Nelson Pereira dos Santos, 1963, 94 minutos)

Vidas Secas (1963) é uma obra-prima do cinema brasileiro que aborda em profundidade os temas da pobreza e da opressão no nordeste do Brasil. O diretor Nelson Pereira dos Santos adaptou o romance homônimo de Graciliano Ramos para levar à tela a história de uma família nómada que luta contra a extrema pobreza e a seca. O filme acompanha a sua luta desesperada pela sobrevivência numa paisagem árida, onde estão constantemente em busca de água, comida e trabalho. Vidas Secas não apenas retrata a dura vida no sertão, mas também explora a resiliência e a determinação humanas. Esta obra-prima é considerada uma das mais importantes contribuições para o neorrealismo brasileiro. (texto do festival Kino Brasil)

Em português com legendas em checo.


Literatura

Palestras sobre literatura brasileira

30 / 10 | 18h | Camões – Centro de Língua Portuguesa em Praga, Na Příkopě 29, 4. patro

18h – Raísa Inocêncio:  Axé em Lélia – a prática da palavra como defesa e cura da ferida colonial

19h – Raffaella Fernandez: Carolina Maria de Jesus – uma literatura amefricana além dos trópicos

As palestras serão proferidas em português. 

Raísa Inocêncio é uma investigadora brasileira que obteve o seu doutoramento em Filosofia pela Universidade de Toulouse (França) com a sua tese: “Dis-moi Vénus, pourquoi chassent-ils les femmes?” Ao longo de 2023, participou ativamente em seminários na Université Gaston Berger (Senegal), na Universidad San Martín (Argentina), no I Simpósio Virtual sobre Práxis Decolonial (University of Riverside, Califórnia) e na reunião comemorativa dos 40 anos da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF) (Fortaleza, Brasil). Em 2022, coeditou, com Karina Bidaseca, o livro “Lélia Gonzalez: Por um feminismo améfricain”. Além disso, trabalha como tradutora (Ana Mendieta, “Un oiseau de l’océan”, Nau Éditeur, 2021). Para além das suas atividades académicas, Raísa é artista e ativista, concentrando-se no apoio à defesa e à cura de feridas coloniais. Como parte do seu ativismo, organiza eventos de solidariedade para angariar fundos para o Projeto de Saúde Pataxó na Bahia, cofinanciado pela região de Occitânia, em França. Envolvida ativamente em comunidades de investigação, contribui para grupos como Maria Carolina de Jesus (UFRJ, Brasil), Réseau Lélia Gonzalez (Universidade de Brasília, Brasil), e Epistemologias do Sul (CLACSO, Argentina).

Raffaella Fernandez é investigadora no Instituto de Estudos Brasileiros da USP e membro do conselho editorial da Companhia das Letras, que organiza e publica a obra completa de Carolina Maria de Jesus. Possui um pós-doutoramento em Estudos Culturais e Decolonialidade pelo PACC/UFRJ (2020). É autora de “A Poética dos Résidus de Carolina de Jesus”, baseado na sua investigação de doutoramento em Teoria e História Literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Contribuiu para a organização dos livros póstumos de Carolina intitulados “Onde Estás Felicidade?” (2014/2022), “Meu Sonho é Escrever” (2018), “Clíris, Poemas Recolhidos” (2019), “Casa de Alvenaria” (2021), “O Escravo” (2023), e publicou vários artigos e ensaios no Brasil e no estrangeiro sobre os manuscritos e datiloscritos da mesma autora. Coordena o Grupo de Investigação Decolonial Carolina de Jesus.


EXPOSIÇÃO

Cravos e Veludo

20 / 7 – 27 / 10 | MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO CHIADO, Lisboa

Apesar de relações históricas esporádicas e de um grande desconhecimento mútuo da cena artística de cada país, Portugal e a Checoslováquia apresentam inúmeras correspondências no período histórico cronológico que se situa entre três datas chave: 1968-1974-1989. Foi a essa conclusão que as curadoras chegaram em 2014, ano zero deste projeto. Aprofundada durante cinco anos a investigação de ambas resultou na primeira exposição com este tema e título, em 2019, na Galeria Municipal de Praga, celebrando os 30 anos da Revolução de Veludo, e reorganiza-se agora, no MNAC, nos 50 anos da Revolução dos Cravos.

Mais informações no site da MNAC.